sexta-feira, 18 de abril de 2008

SOBRE A CONFIANÇA NO OUTRO

Vivemos numa sociedade, parte de uma civilização, em que desde pequenos aprendemos a nos respeitar mutuamente, interiorizando o jargão que diz que minha liberdade termina onde a do outro começa. Sabemos que tanto isto é uma verdade que nossa convivência se torna insuportável quando não reconhecemos o espaço que o outro precisa para viver sua história, expressando-se do seu jeito, sendo aquilo que no momento ele dá conta de ser.
O outro deve ser tratado como uma pessoa muito importante para nós, pois, vivemos convivendo. Somos seres de relações. Precisamos do outro para que a noite da nossa tristeza se transforme em aurora de felicidade. Um vínculo que nos faz unidos ao outro é a CONFIANÇA. Como é bom poder confiar no outro, partilhar com ele nossos segredos, nossa intimidade, nossa história de dor e de alegria. Lamentável é quando este outro não se torna mais digno da nossa confiança, pois, a traição também é uma arma que fere e distancia, provocando rompimento de laços e matando relações.
É agradável para nós seres humanos saber que podemos confiar no outro e que ele também pode confiar em nós. É a confiança que estreita os corações, que nos permite chorar juntos, cantar juntos os louvores da vida. Se o outro é digno da minha confiança e vice-versa, eu nunca me sentirei só neste mundo que é de Deus e vive como que sem Deus. O outro em quem realmente eu posso confiar é um bálsamo nos meus momentos de dor e sofrimento.
Às vezes somos surpreendidos por este outro em quem confiamos, e ele não mais se torna merecedor da nossa confiança. Não dá mais para conviver com ele, porque numa relação onde a confiança não mais está presente, pode faltar respeito e caridade fraterna, por isso, para que acima de tudo haja respeito e caridade por este outro traidor de nossa confiança, o melhor é dele nos afastar, porém, sem jamais deixar de rezar por ele, porque ele se torna digno de compaixão e só mesmo Deus, com sua bondade infinita, para tocar no seu coração, abrir sua mente e fazê-lo renascer para uma nova vida, mais digna e transparente, mais respeitosa e fraterna, mais sincera e autêntica.
A vida continua! Aliás, ela não pára porque é dinâmica. Nossa história é construída a cada dia. Pessoas vêm e vão na nossa vida. Algumas passam por nós como cometas, são rápidas e apressadas, não deixam marcas; outras passam por nós como estrelas, seu brilho nos aquece, sua vida é testemunho e exemplo a ser imitado, quando vão deixam marcas de amor, bondade e amizade, porque sempre foram dignas da nossa confiança, ao contrário daquelas que vão e não deixam nada de marcante, senão o rastro de sua traição. O que nos consola em nossa vida não é sabermos que traidores sempre existiram, mas sim sabermos que sempre existe alguém que vai continuar merecendo nossa confiança, porque se existem traidores, existem também pessoas dignas.